Às vezes sinto um vazio dentro de mim, um vazio que não consigo entender. É como se nada mais fizesse sentido. Tudo é estranho. Tudo é vazio, superficial. Tudo parece ser em vão. Viro coadjuvante da minha própria história. Fico apenas observando a vida passar, o mundo girar. Fico observando as pessoas que sempre estão apressadas, cansadas, tristes, infelizes. Não consigo pensar no futuro, só o que me importa agora é o presente. Na verdade nem sei o que me importa mais, esse vazio que aos poucos vai 'ocupando' o meu ser, o meu redor, a minha vida.
Esse vazio que vai deixando o meu arco-íris acinzentado e vai tirando aos poucos as cores que existiam ao meu redor. Esse vazio que tanto me atormenta. Às vezes quando a vida é muito dura e exige demais, eu sinto esse vazio. Esse vazio chamado solidão.
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência. Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade. Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio. Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida. Isto é um princípio da natureza. Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância. Solidão é muito mais do que isto. Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma....
Francisco Buarque de Holanda